sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Princípio cartesiano

O princípio cartesiano estaria melhor formulado se fosse escrito da seguinte maneira: "Existo, logo sofro".

(Eu mesmo, com a ajuda do meu amigo Eric)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sábias palavras

Tentar é o primeiro passo para falhar.

(Homer Simpson)

Esboço inútil

  Passava das 22:00h. Os dois rapazes perceberam que a discussão que empreendiam não chegaria a lugar algum. Nenhum dos dois poderia admitir que estava enganado, causando no outro aquele sentimento de satisfação proporcionado pela vitória no campo de batalha das ideias. Contudo, já passava da hora daquele embate acabar.
  "Fim de discussão", disse um dos rapazes, "o que eu disse é a verdade e ponto final".
  "Tudo bem, disseste a verdade", replicou o segundo rapaz com tom irônico. "Eu estou errado e tu estás certo".
  "Não te convences do que digo, mesmo admitindo que seja a verdade?", ironizou ainda mais o primeiro rapaz. "Gostaria de saber por quê".
  "Pois te digo. De maneira alguma disseste a verdade. Esta, meu caro, não existe".
  "Como não?"
  "Como não? Ora, não existindo".
  "Então defendes que não há, de maneira alguma, discurso verdadeiro?"
  "Não preciso defender essa ideia. Ela se defende por si só, apenas pela sua força".
  "Se estás tão confiante que é assim, que tal fazermos uma aposta? O vencedor paga o almoço de amanhã".
  "E quais são as regras dessa aposta?"
  "Simples! Te direi uma sentença e tu a julgarás se é verdadeira ou não", disse o primeiro rapaz com uma confiança de quem já sabia a priori que não poderia de modo algum perder.
  "Estou esperando. Dize a sentença!"
  "A sentença é esta: 'Se todo A é B e todo C é A, então todo C é B'. Dize-me agora, companheiro, não é esta sentença verdadeira?"
  "De fato, a implicação terminística é necessária".
  "Parece que amanhã eu almoçarei de graça!", disse o primeiro rapaz, tentando não demonstrar a alegria que sentia.
  "Parece que amanhã não almoçarás de graça!", disse o segundo rapaz, imitando o mesmo tom de voz de seu interlocutor. "A necessidade na implicação terminística não torna a sentença verdadeira. Torna-a, no máximo, necessária em seu interior. És muito presunçoso! Acreditar que uma regra lógica, construída por homens que não tinham mais o que fazer, tem esteio para se sustentar como verdade! Não compreendeste a vida, meu caro!"
  O segundo rapaz deu as costas e saiu. O primeiro achou graça, entrou em seu carro e foi para casa. Após uma noite de sono, nenhum dos dois se lembrava mais do que acontecera na noite anterior.

(Eu mesmo)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Culpa do Ari

Aristóteles inicia a Metafísica dizendo que "todos os homens, por natureza, tendem ao saber". Essa proposição estaria correta se a ela se seguisse esta: "todo o saber, por natureza, é enrolação". Eis a razão pela qual estudamos Filosofia até hoje: Aristóteles se esqueceu de acrescentar à sua obra um pequeno conjunto de palavras. Devemos a persistência da Filosofia a Aristóteles

(Eu mesmo)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Otimista x pessimista

Do ponto de vista etiológico, a Terra deve ser descrita da seguinte maneira: 
  1. Matéria: rocha, metal, gases e matéria orgânica.
  2. Forma: esfera imperfeita.
  3. Causa eficiente: qualquer tentativa de encontrá-la é vã.
  4. Finalidade: causar dor e sofrimento.
A diferença entre o otimista e o pessimista reside principalmente na causa final. O otimista aprendeu a enxergar o mundo de modo ilusório, venda beleza e harmonia onde não há. Essa ilusão, porém, é meramente metafísica, e o otimista, quando confrontado com o campo prático da ação, embora nunca o admita, se depara com a dor e o sofrimento. O pessimista, por outro lado, é aquele que sofre no campo teórico, pois já sabe o que vai encontrar quando encarar o mundo. O otimista tem que enrolar para disfarçar o sofrimento ao qual é exposto; o pessimista precisa enrolar para suportar a dor metafísica. No fim das contas, não há diferença entre otimista e pessimista. A enrolação os torna semelhantes.

(Eu mesmo)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Falando o óbvio

Como é possível que, sendo as criancinhas tão inteligentes, a maioria das pessoas sejam tão tolas? A educação deve ter algo a ver com isso!

(Alexandre Dumas Filho)

Deficit na onisciência do Google

Em Uberlândia há, entre o templo da enrolação e o templo do consumo, o templo da corrupção. Geograficamente falando, esse último está localizado no meio dos dois primeiros. E veja só que interessante coincidência: do ponto de vista metafísico, a corrupção reside, por assim dizer, num ponto médio entre dois extremos, quais sejam, a enrolação e o consumo. Como o Google Earth deixou escapar esse detalhe?

(Eu mesmo)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O ornamento do saber

Nossas verdades valem apenas as de nossos antepassados. Depois de ter substituído seus mitos e seus símbolos por conceitos, nos acreditamos mais "avançados", mas esses mitos e esses símbolos não expressam menos que nossos conceitos. A Árvore da Vida, a Serpente, Eva e o Paraíso significam tanto como: Vida, Conhecimento, Tentação, Inconsciente. As configurações concretas do mal e do bem na mitologia vão tão longe quanto o Mal e o Bem da Ética. O Saber − no que tem de profundo − não muda nunca: somente seu ornamento varia. Prossegue o amor sem Vênus, a guerra sem Marte, e, se os deuses não intervêm mais nos acontecimentos, nem por isso tais acontecimentos são mais explicáveis nem menos desconcertantes: somente uma ladainha de fórmulas substitui a pompa das antigas lendas, sem que, por isso, as constantes da vida humana se encontrem modificadas, pois a ciência não as capta mais intimamente que os relatos poéticos.

(Emil Cioran)

Sobre o estudo

O estudo é, entre todas as atividades humanas, a que causa mais dor e sofrimento. E é, talvez, a mais enrolada.

(Eu mesmo)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Desrespeito com as crianças

As perguntas realmente sérias são aquelas − e somente aquelas − que uma criança pode formular. Só as perguntas mais ingênuas são realmente sérias. São as interrogações para as quais não existe resposta. Uma pergunta sem resposta é um obstáculo que não pode ser transposto. Em outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa existência.

(Milan Kundera, A insustentável leveza do ser)


E há aqueles que dizem que os filósofos se assemelham às crianças. Que desrespeito para com as crianças!

(Eu mesmo)