terça-feira, 2 de outubro de 2012

Guardai silêncio

Por mais que se fale ou pense ou
escreva, eis o veredicto:
sobre o que não há de ser dito
deve-se guardar silêncio.

Ser, não-ser, devir, dasein,
ser-pra-morte, ser-no-mundo:
Valei-me, são Wittgenstein,
neste brejo escuro e fundo
sede minha ponte pênsil,
escutai o meu não-grito:
pois quando não há o que ser dito
deve-ser guardar silêncio.

(Paulo Henriques Britto)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Imperativo categórico

"Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através de tua vontade, uma lei universal".

O capitalismo é moral!

(Eu mesmo, com a ajuda de Kant)

Quanto mais conhecimento, mais sofrimento

Eu, Coélet, fui rei de Israel em Jerusalém. Coloquei todo o coração em investigar e em explicar com a sabedoria tudo o que se faz debaixo do céu. É uma tarefa ingrata que Deus deu aos homens para com ela se atarefarem. Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol. Pois bem, tudo é vaidade e correr atrás do vento.
O que é torto não se pode endireitar; o que está faltando não se pode contar.
Pensei comigo: aqui estou eu com tanta sabedoria que ultrapassa a dos meus predecessores em Jerusalém; minha mente alcançou muita sabedoria e conhecimento. Coloquei todo o coração em compreender a sabedoria e o conhecimento, a tolice e a loucura, e compreendi que tudo isso é também procura do vento.
Muita sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento.

(Eclesiastes, 1, 12-18)

O filósofo e o teólogo

Um teólogo e um filósofo discutem os méritos relativos das disciplinas a que se dedicam:
O teólogo diz: "A filosofia é como um homem cego que procura numa caverna completamente escura um gato preto que não está lá".
O filósofo responde: "Pois bem, e a teologia encontra o gato".

(Blog Crítica na Rede)

sábado, 18 de agosto de 2012

O trabalho é atividade da menoridade

Não só de fato, mas também conceitualmente, demonstra-se a identidade entre trabalho e menoridade. Até poucos séculos atrás, os homens tinham consciência do nexo entre trabalho e coerção social. Na maioria das línguas europeias, o termo "trabalho" relaciona-se originalmente apenas à atividade de uma "pessoa menor", do dependente, do servo ou do escravo. Nos países de língua germânica, a palavra Arbeit significa trabalho árduo de uma criança órfã e, por isso, tornada serva. No latim, laborare significava algo como o "cambalear do corpo sob uma carga pesada", e em geral era usado para designar o sofrimento e o mau trato do escravo. As palavras latinas travail, trabajo etc. derivam-se do latim tripalium, uma espécie de jugo utilizado para a tortura de escravos e outros não livres. [...] Portanto, "trabalho" - também pela sua origem etimológica - não é sinônimo de atividade humana autodeterminada, mas remete a um destino social infeliz. É a atividade daqueles que perderam sua liberdade. A ampliação do trabalho a todos os membros da sociedade é, por isso, nada mais que a generalização da dependência servil, e sua adoração moderna consiste apenas na elevação quase religiosa desse estado.

(Grupo Krisis, Manifesto contra o trabalho)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Descartes

Seja o que for que esteja no centro do mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

Ser real quer dizer estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção da realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade,
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim - nos momentos em que julgo que efetivamente existe -
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo.

Se a alma é mais real
Que o mundo exterior, como tu, filósofo, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo de realidade?
Se é mais certo eu sentir
Do que existir a coisa que sinto -
Para que sinto
E para que surge essa coisa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Coisa por coisa, o mundo é mais certo.

Mas por que me interrogo, se não porque estou doente?

Nos dias certos, nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim,
Mas) tão sublimemente não-meu.

Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.

Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?

(Fernando Pessoa)

Somos uma farsa

O fato mais verdadeiro e talvez o mais lamentável da existência humana: somos uma farsa. Mentimos desde o nascimento até o dia de nossa morte. Mentimos pra quem amamos, pra quem desconhecemos, pra quem ignoramos,  pra quem simplesmente desprezamos, por fim, mentimos pra nós mesmos. Nós nos deleitamos diariamente com todo o tipo de mentira, desde a mais pequena àquela que envolve tudo e todos que respiram. A mentira da felicidade, quem nunca a saboreou? A mentira da verdade, quem nunca a perseguiu? A mentira do amor, quem nunca ? Hoje vejo claramente que somos mesmo diferentes de todos os outros animais, afinal sabemos mentir sem qualquer rubor na face, naturalmente. Com isso triunfamos, construímos arranha-céus, aviões, bombas: a mentira do progresso. A custo de mentiras vivemos o progresso, e pra quê? Eu tenho me perguntado sinceramente, e pra quê? O homem se engana sem o mínimo intervalo; não cessa; nunca para. Eu minto, vivo de farsas, meus porquês são fraudulentos: carreira, carro, dinheiro, cerveja à vontade, conhecer o Japão e chegar até lá em apenas uma mísera hora. A vida humana realmente merece ser distinguida da vida do meu cachorro, ela insiste em fingir razões, motivos, etc; enquanto meu cachorro simplesmente vive, respira, esteja só ou acompanhado. Eu vivo porque isso, porque aquilo, por quê? Por que eu vivo de fato? A resposta é simples, não existe. Eu não levo e nunca levei essa pergunta a sério, dói demais. Eu sou uma farsa justificada: sei que minto e isso me incomoda, mas nada tenho a fazer quanto a esse assunto.

(Meu amigo Arthur)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pra quê?

Em um lugar próximo à entrada, uma estalagmite vinha crescendo lentamente desde o solo da caverna, erguendo-se milímetro após milímetro durante séculos, construída pelos pingos d'água que caíam de uma estalactite que descia do teto. O cativo tinha quebrado a ponta desta estalagmite e, sobre o toco, colocara uma pedra na qual escavara um côncavo de pouca profundidade, a fim de apanhar a preciosa gota d'água que caia uma vez a cada vinte minutos, com a regularidade monótona de um relógio – no total, uma colher de sobremesa a cada vinte e quatro horas. Aquela gota já caía quando as Pirâmides do Egito eram uma construção recente; quando Troia foi tomada pelos gregos; quando foram lançados os alicerces de Roma; quando Cristo foi crucificado; quando o Conquistador deu origem ao Império Britânico; quando Colombo se pôs ao mar; quando o massacre de Lexington era ainda uma notícia, em vez de um detalhe histórico. A mesma gota está caindo até hoje; e ainda estará caindo, com a mesma tediosa precisão, quando todos estes marcos históricos tiverem afundado no crepúsculo da história e na obscuridade da tradição, engolidos finalmente pela espessa noite do esquecimento. Será que realmente todas as coisas têm um propósito e uma missão a cumprir? Teria esta gota caído pacientemente durante cinco mil anos a fim de estar preparada para a necessidade transitória deste inseto humano, ou terá ainda algum objetivo significativo a atingir dentro de dez mil anos?


(Mark Twain - As aventuras de Tom Sawyer)

terça-feira, 10 de julho de 2012

O problema

Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio.

(Albert Camus)



Confissão

Devo admitir que ainda fico surpreso (no sentido negativo do termo, se é que o sentido de alguma palavra pode oscilar entre pólos positivo e negativo) com a capacidade das ciências em geral, e notadamente da Filosofia, em propor falsos problemas e, o que é ainda pior, em lhes dar algum tipo de solução.

(Eu mesmo)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O fracasso é a priori

Como saber sem tentar?
Como tentar se é tão fácil
conformar-se de saída
com a ideia de fracasso?

Pois fracassar justifica
o não se ter nem sequer
admitido não querer-se
aquilo que mais se quer.

É um beco sem saída,
mas sempre é melhor que a rua:
mais estreito. Acolhedor.
Vem, entra. A casa é tua.

(Paulo Henriques Britto)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mais uma descoberta inútil

Cientistas descobriram que pessoas otimistas vivem mais. Eis mais um motivo para se ser pessimista.

(Eu mesmo)

terça-feira, 13 de março de 2012

Por que não te matas?

Porque não repousa sobre nada, porque carece até mesmo da sombra de um argumento, é por isso que preservamos a vida. A morte é por demais exata; todas as razões se encontram ao seu lado. 

(Emil Cioran)

A mecanicismo aliena do vazio

Assim como agora me visto e saio, vou visitar o professor e troco com ele algumas frases amáveis, mais ou menos falsas, tudo isto contra minha vontade, assim procede a maioria dos homens que vivem e negociam todos os dias, toda as horas, forçadamente e sem na realidade querê-lo; fazem visitas, mantêm conversações, sentam-se durante horas inteiras em seus escritórios e fábricas, tudo à força, mecanicamente, sem vontade; tudo poderia ser realizado com a mesma perfeição por máquinas ou não se realizar; e essa mecânica eternamente continuada é o que lhes impede, assim como a mim, de exercer a crítica de sua própria vida, reconhecer e sentir sua estupidez e superficialidade, sua desesperada tristeza e solidão. E têm razão, muitíssima razão, os homens que assim vivem, que se divertem com seus brinquedinhos, que correm atrás de seus assuntos, em vez de se oporem à mecânica aflitiva e olharem desesperados o vazio, como faço eu, homem marginalizado que sou.

(Hermann Hesse - O lobo da estepe)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Intuição filosófica

Tive uma intuição filosófica, mas não consigo expressá-la discursivamente. Aprendi a enrolar com o Bergson.

(Eu mesmo)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Navalha de Ockham

O princípio da navalha de Ockham postula que, dado um certo fenômeno, a explicação mais simples é a que melhor o descreve. Ora, para todos os casos possíveis de serem analisados, a explicação mais simples é sempre a mesma: o ser humano está enganado.

(Eu mesmo, com a ajuda póstuma de William de Ockham)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pérolas da humanidade

"O trabalho dignifica o homem". "Digno" não é um predicado que se pode ligar à substância "homem", muito menos se a cópula da sentença for o trabalho.

(Eu mesmo)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O problema do dever ser #2

Estava enganado. Há algo pior do que um discurso iniciado pelas palavras "tu deverias...": um discurso iniciado pelas palavras "eu acho que tu deverias...".

(Eu mesmo)

O problema do dever ser

Qualquer discurso que comece com as palavras "tu deverias..." deve ser rejeitado de antemão. Não há algo mais desagradável e enganoso do que uma pessoa tentando dizer a outra o que fazer. 

(Eu mesmo)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Princípio cartesiano

O princípio cartesiano estaria melhor formulado se fosse escrito da seguinte maneira: "Existo, logo sofro".

(Eu mesmo, com a ajuda do meu amigo Eric)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sábias palavras

Tentar é o primeiro passo para falhar.

(Homer Simpson)

Esboço inútil

  Passava das 22:00h. Os dois rapazes perceberam que a discussão que empreendiam não chegaria a lugar algum. Nenhum dos dois poderia admitir que estava enganado, causando no outro aquele sentimento de satisfação proporcionado pela vitória no campo de batalha das ideias. Contudo, já passava da hora daquele embate acabar.
  "Fim de discussão", disse um dos rapazes, "o que eu disse é a verdade e ponto final".
  "Tudo bem, disseste a verdade", replicou o segundo rapaz com tom irônico. "Eu estou errado e tu estás certo".
  "Não te convences do que digo, mesmo admitindo que seja a verdade?", ironizou ainda mais o primeiro rapaz. "Gostaria de saber por quê".
  "Pois te digo. De maneira alguma disseste a verdade. Esta, meu caro, não existe".
  "Como não?"
  "Como não? Ora, não existindo".
  "Então defendes que não há, de maneira alguma, discurso verdadeiro?"
  "Não preciso defender essa ideia. Ela se defende por si só, apenas pela sua força".
  "Se estás tão confiante que é assim, que tal fazermos uma aposta? O vencedor paga o almoço de amanhã".
  "E quais são as regras dessa aposta?"
  "Simples! Te direi uma sentença e tu a julgarás se é verdadeira ou não", disse o primeiro rapaz com uma confiança de quem já sabia a priori que não poderia de modo algum perder.
  "Estou esperando. Dize a sentença!"
  "A sentença é esta: 'Se todo A é B e todo C é A, então todo C é B'. Dize-me agora, companheiro, não é esta sentença verdadeira?"
  "De fato, a implicação terminística é necessária".
  "Parece que amanhã eu almoçarei de graça!", disse o primeiro rapaz, tentando não demonstrar a alegria que sentia.
  "Parece que amanhã não almoçarás de graça!", disse o segundo rapaz, imitando o mesmo tom de voz de seu interlocutor. "A necessidade na implicação terminística não torna a sentença verdadeira. Torna-a, no máximo, necessária em seu interior. És muito presunçoso! Acreditar que uma regra lógica, construída por homens que não tinham mais o que fazer, tem esteio para se sustentar como verdade! Não compreendeste a vida, meu caro!"
  O segundo rapaz deu as costas e saiu. O primeiro achou graça, entrou em seu carro e foi para casa. Após uma noite de sono, nenhum dos dois se lembrava mais do que acontecera na noite anterior.

(Eu mesmo)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Culpa do Ari

Aristóteles inicia a Metafísica dizendo que "todos os homens, por natureza, tendem ao saber". Essa proposição estaria correta se a ela se seguisse esta: "todo o saber, por natureza, é enrolação". Eis a razão pela qual estudamos Filosofia até hoje: Aristóteles se esqueceu de acrescentar à sua obra um pequeno conjunto de palavras. Devemos a persistência da Filosofia a Aristóteles

(Eu mesmo)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Otimista x pessimista

Do ponto de vista etiológico, a Terra deve ser descrita da seguinte maneira: 
  1. Matéria: rocha, metal, gases e matéria orgânica.
  2. Forma: esfera imperfeita.
  3. Causa eficiente: qualquer tentativa de encontrá-la é vã.
  4. Finalidade: causar dor e sofrimento.
A diferença entre o otimista e o pessimista reside principalmente na causa final. O otimista aprendeu a enxergar o mundo de modo ilusório, venda beleza e harmonia onde não há. Essa ilusão, porém, é meramente metafísica, e o otimista, quando confrontado com o campo prático da ação, embora nunca o admita, se depara com a dor e o sofrimento. O pessimista, por outro lado, é aquele que sofre no campo teórico, pois já sabe o que vai encontrar quando encarar o mundo. O otimista tem que enrolar para disfarçar o sofrimento ao qual é exposto; o pessimista precisa enrolar para suportar a dor metafísica. No fim das contas, não há diferença entre otimista e pessimista. A enrolação os torna semelhantes.

(Eu mesmo)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Falando o óbvio

Como é possível que, sendo as criancinhas tão inteligentes, a maioria das pessoas sejam tão tolas? A educação deve ter algo a ver com isso!

(Alexandre Dumas Filho)

Deficit na onisciência do Google

Em Uberlândia há, entre o templo da enrolação e o templo do consumo, o templo da corrupção. Geograficamente falando, esse último está localizado no meio dos dois primeiros. E veja só que interessante coincidência: do ponto de vista metafísico, a corrupção reside, por assim dizer, num ponto médio entre dois extremos, quais sejam, a enrolação e o consumo. Como o Google Earth deixou escapar esse detalhe?

(Eu mesmo)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O ornamento do saber

Nossas verdades valem apenas as de nossos antepassados. Depois de ter substituído seus mitos e seus símbolos por conceitos, nos acreditamos mais "avançados", mas esses mitos e esses símbolos não expressam menos que nossos conceitos. A Árvore da Vida, a Serpente, Eva e o Paraíso significam tanto como: Vida, Conhecimento, Tentação, Inconsciente. As configurações concretas do mal e do bem na mitologia vão tão longe quanto o Mal e o Bem da Ética. O Saber − no que tem de profundo − não muda nunca: somente seu ornamento varia. Prossegue o amor sem Vênus, a guerra sem Marte, e, se os deuses não intervêm mais nos acontecimentos, nem por isso tais acontecimentos são mais explicáveis nem menos desconcertantes: somente uma ladainha de fórmulas substitui a pompa das antigas lendas, sem que, por isso, as constantes da vida humana se encontrem modificadas, pois a ciência não as capta mais intimamente que os relatos poéticos.

(Emil Cioran)

Sobre o estudo

O estudo é, entre todas as atividades humanas, a que causa mais dor e sofrimento. E é, talvez, a mais enrolada.

(Eu mesmo)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Desrespeito com as crianças

As perguntas realmente sérias são aquelas − e somente aquelas − que uma criança pode formular. Só as perguntas mais ingênuas são realmente sérias. São as interrogações para as quais não existe resposta. Uma pergunta sem resposta é um obstáculo que não pode ser transposto. Em outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras de nossa existência.

(Milan Kundera, A insustentável leveza do ser)


E há aqueles que dizem que os filósofos se assemelham às crianças. Que desrespeito para com as crianças!

(Eu mesmo)