sábado, 23 de fevereiro de 2013

Furtiva simplicidade

Entre os poucos que conseguiram de fato chegar a uma compreensão mais adequada do mundo, nenhum mostrou tanta convicção quanto Alberto Caeiro. Em sua poesia, o poeta nos revela o que o conhecimento em geral não pode suportar: não existe um fundamento oculto para as coisas. Essa conclusão é fruto inevitável de um fato evidente: as coisas são simples, o mundo é simples; nada quer dizer nada, nada esconde nada. A razão pela qual somos ensinados (condicionados) a sustentar todo um arcabouço de noções complexas, todo um aparato de falsas ideias, reside na repulsa do ser humano pela simplicidade, na difícil tarefa de assumir que nada faz sentido. São essas atitudes humanas que ilusoriamente complexificam (até a palavra é difícil) o mundo. A teologia, a filosofia e as ciências modernas só "avançam" com a finalidade de manter oculta a simplicidade; vivem para sustentar a falsidade.

(Eu mesmo)

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